Resumo:
Transcendemos
da Era Industrial, para a Era do Conhecimento, onde deparamo-nos com um ponto
de conflito acentuado, presente nesta passagem: o “desemprego tecnológico”. Outro
componente a ser considerado é a alteração na estrutura ocupacional e no perfil
do profissional, onde se destacam os dotados de competência, criatividade e que
se preocupe com o aperfeiçoamento contínuo. Frente a isto, as Instituições de
Ensino Superior, também necessitam rever os seus currículos, assegurando assim,
aos futuros profissionais o desenvolvimento de espírito crítico, competências
de negociação, de debate e de intervenção. Uma educação para além da científica
e estética.
“Na
pré-história: Uma atividade lúdica;
Na
Antigüidade: Maldição divina ou do vencido e escravizado;
Nos
primórdios do cristianismo: Forma de expiação do pecado original e meio de
compaixão;
No
cristianismo da idade média: Remédio para as tentações;
Com a
reforma luterana: Um direito e dever ou um meio para a salvação;
Na
revolução industrial: Expressão da criatividade humana;
No início
do século XX: A maior obsessão;
Nos dias
correntes: Uma atividade em questionamento;
No
porvir: Resgatando seu sentido original. Uma prática tão natural quanto
lúdica”. Martins (1994, p. 5) 1
No passado,
o homem trabalhava para produzir o que consumia, seja em vestes, mantimentos ou
habitação. Ao constituir as primeiras sociedades, ou povos, o trabalho era
recompensado por mercadorias (escambo), como uma espécie de troca. Até então,
era possível obter um trabalho por meio de uma simples conversa, sem exigir
nenhum tipo de documentação ou comprovação de experiência prévia.
Passa a
existir então, o trabalho escravo. Com a introdução da pirâmide social, aos
menos favorecidos, foram atribuídos trabalhos sem remuneração, e em geral
sequer recebiam em contrapeso, morada e alimento para a sua subsistência. Prevaleciam os deveres do trabalhador, sem
direito qualquer.
Logo após
se introduz o trabalho formal. Com o advento da industrialização, a partir do
século XVIII e XIX, foi criado o trabalho formal, onde eram determinadas as
tarefas e a remuneração devida.
Atualmente
vivemos a transição da Sociedade Industrial para a Sociedade da Informação e do
Conhecimento. Com a revolução dos sistemas de comunicação, grupos se organizam
em rede (conexão de cérebros humanos, instituições, livros e computadores)
trabalhando a informação de forma multi e interdisciplinar, buscando suscitar
conhecimento novo, valorizado como sendo de livre circulação e acessibilidade.
Com o fim
da era industrial e o começo da era do Conhecimento, apresenta-se um novo
desafio para os administradores de empresas. A apreensão principal deixa de ser
o comando e o controle, passando a enfocar a coordenação de equipes múltiplas e
multi-funcionais, dentro e em meio a empresas. A constituição de um ambiente
favorável para estimular a criatividade, a confiança, o aprendizado e que
promova a cooperação ininterrupta, são os objetivos da administração,
acumulando e gerindo conhecimentos que contribuam para acrescer o seu
diferencial competitivo no mercado.
Para
sustentar a compreensão do que é a “Nova Economia” (conhecida igualmente como
“Era do Conhecimento” ou “Era Digital”), é proveitoso especificar a definição
de conhecimento. Constatam-se determinada confusão entre o significado de
dados, informação e conhecimento. Dado é um conjunto discreto de ocorrências
objetivas sobre os acontecimentos, uma estrutura de registros e transações; a informação é uma mensagem na
configuração de documentos, provê um formato aos dados de forma que o receptor
a compreenda de maneira que lhe caracterize um ambiente ou uma fonte para insights.
Os dados são transformados em informação à medida que são contextualizados,
categorizados, calculados, corrigidos ou condensados. Estas tarefas são de modo
pleno atendidas pelos sistemas de Informação.
Quando a
questão se estende para o conhecimento, todo trabalho de processamento da
informação depende da interação humana, a transformação acontece através da
análise via: comparação - a situação é comparada às situações já conhecidas;
conseqüências - qual a decisão ou ação que precisa ser adotada mediante as
informações apresentadas; conexões - como os pedaços de conhecimento se
relacionam à informação disponível; e, conversação - o que as outras pessoas
crêem sobre esta mesma informação.
Um ponto
de conflito acentuado, presente na passagem para a Era do Conhecimento, é o
desemprego tecnológico. As inovações tecnológicas, de acordo com a história são
responsáveis por desemprego, devido a vários motivos. Um aspecto a se
considerar é o do aumento da produtividade com as novas tecnologias e a
conseqüente racionalização dos processos e redução da necessidade de
mão-de-obra. Naturalmente, existem efeitos compensatórios, como a criação de
novos produtos, serviços e mercados. Portanto, não é trivial determinar-se o
impacto da tecnologia no emprego. Outro elemento a ser considerado é a
alteração na estrutura ocupacional e no perfil da força de trabalho. No momento
em que a tecnologia extingui posições de trabalho de um determinado perfil
profissional, geralmente cria outras posições em maior ou menor quantidade em outro
ponto da indústria, para empregar trabalhadores com outro perfil profissional.
De qualquer forma, constata-se que os trabalhadores menos qualificados, ou com
qualificações obsoletas, são mais atingidos pelo desemprego tecnológico.
Uma das
alternativas para o desemprego tecnológico é a possibilidade de trabalho
denominado de “Terceiro Setor”. As atividades das organizações sociais
atingiram um estágio avançado a ponto de serem caracterizadas como um novo
setor da sociedade. Este setor tem apresentado um desenvolvimento
impressionante, especialmente a partir da década de 80, não exclusivamente no
Brasil, mas no resto do mundo. Um setor emergente atrai a atenção de todos que
desejam não só conhecê-lo como ainda nele atuar profissionalmente. Esta atração
torna-se grandiosa e irresistível, sobretudo pelo fato do setor apresentar como
seus grandes capitais, valores e princípios, que praticamente desaparecem em
outros setores da sociedade. Os valores humanitários, a ética e a moral se
constituem no principal pilar de sustentação das organizações do Terceiro
Setor. Não é por meio do poder econômico, que caracteriza o setor privado ou do
poder político que emana do Estado, que o Terceiro Setor constrói a sua
identidade. Ela vem sendo edificarda pela defesa de causas humanitárias que são
traduzidas em ações que promovem o ser humano e buscam uma sociedade mais
eqüitativa e igualitária. A caridade e o assistencialismo estão sendo
substituídos por ações que transformam pessoas e a comunidade onde elas vivem e
se direcionam para a construção de uma nova sociedade. O ativismo das
organizações do Terceiro Setor no que diz respeito ao questionamento da
natureza do Estado e do setor privado, tem implicações em novas propostas sobre
a sociedade que almejamos. Exemplos dessa efervescência de idéias por um mundo
mais perfeito, são encontrados aos milhares nos encontros do Fórum Social
Mundial. Este novo perfil do Terceiro Setor caracterizado pelo ativismo
político contestatório, se constitui em um dos aspectos mais importantes desse
fenômeno setorial.
Vivemos
na era Pós-industrial, um novo mundo, onde o trabalho físico é feito pelas
máquinas e o intelectual, pelos computadores. Nela compete ao homem uma
empreitada para a qual é insubstituível: ser criativo e ter idéias.
Na colossal
tarefa que o momento reserva às pessoas, onde a expectativa é que o ser
mecânico dê lugar ao ser liberto, o referencial teórico freiriano proporciona
um importante instrumental a ser adaptado para a reconstrução do mundo do
trabalho:
“Ninguém
liberta ninguém
Ninguém
se liberta sozinho.
Os homens
se libertam em comunhão”. (Freire: 1987)2
Assim
sendo, o novo milênio nos anuncia que o trabalho é possível e factível, desde
que no contexto do trabalho criativo e cooperativo. A exemplo do mundo empresarial
em que toda a empresa lida de certo modo com a incerteza, as alianças,
compartilhamentos as inter-relações e outras práticas organizativas favorecidas
pela tecnologia, são instrumentos de cooperação que nitidamente criam vantagem
competitiva. O homem é hábil em lidar com instrumentos, não só com aqueles
usados como meio de produção, mas tudo aquilo de que se serve para sua
sobrevivência física como social. Deste modo o homem é capaz de abstrair e
criar os mecanismos para fora das soluções habituais, mesmo em um cenário
hostil, estabelecer relações construtivas que incorporem as reivindicações do
mundo do trabalho.
Se a
maior parte das páginas de nossa história, e os inúmeros acontecimentos a que
assistimos diariamente alimenta o pessimismo, o futuro necessita de toda a
nossa criatividade e, por isso, de todo o nosso otimismo para que o trabalhador
sustente o seu papel de sujeito (parceiro) e não de mero objeto (recurso).
O
discurso que acentua as exigências do mundo do trabalho em uma economia cada
vez mais globalizada está adentrando intensamente nos países da América Latina,
não exclusivamente nos grupos de poder, mas também, entre os próprios grupos
universitários. Uma das concepções da qual deve ser o papel da universidade,
delineada pelo modelo econômico hegemônico, assinala, por um lado, para uma
universidade que funcione como empresa, afastando cada vez mais o Estado de sua
função de provedor de recursos, e, por outro lado, para a possibilidade de
formar profissionais em condições de se inserir no mercado de trabalho. Como se
poderia, então, refletir de uma outra forma o futuro desta instituição? É
importante poder considerá-la de maneira tal, que integre o reconhecimento das
transformações do mundo global com o compromisso de participar da construção de
um mundo mais igualitário e justo.
A par de
que as tecnologias ocasionam consigo coisas boas e más é fácil identificarmos
ora uma postura de "tudo defender", ora uma postura de "tudo
rejeitar" em relação a elas, quando o importante é promover uma atitude
ponderada sobre a sua inclusão nas nossas vidas valorizando-se os seus aspectos
construtivos e prevenindo e "desmontando" os negativos.
Não é,
portanto, legítimo ignorar as tecnologias, sendo mesmo necessário que todos com
elas se familiarizem: crianças, jovens, adultos e idosos. A resistência à
incontornável era digital, a resistência à inevitabilidade tecnológica,
conduzir-nos-ia a que fossemos cidadãos de um mundo que já não existe. Ao
contrário, promover a infoinclusão, desenvolver competências tecnológicas e
outras que lhes estão associadas afigura-se essencial em todas as esferas da
população, na escola, nas instituições de formação e em toda a sociedade, quer
numa perspectiva de formação inicial, quer numa perspectiva de formação ao
longo da vida.
Refletir
a incumbência da Educação, a sua missão, só apresentará convergência com a
contemporaneidade se valorizar uma abordagem T-E-C: Tecnologia, Educação,
Cidadania, na qual, a pessoa-aluno, como sujeito em formação, assuma um papel
central. Somente nesta perspectiva poderemos discorrer de uma sociedade
tecnológica "humanizada”.
No
momento de transição que vivenciamos, os modelos de educação/formação baseados
em fundamentos economicistas precisam evoluir para modelos centrados na pessoa,
assegurando-se em cada cidadão o desenvolvimento de espírito crítico,
competências de negociação, de debate, de intervenção e o espírito de
inconformismo perante a suficiência.
A
emergência de uma educação global com múltiplas dimensões, além da científica e
estética: a da educação para o desenvolvimento sustentável, a educação para a
responsabilidade social perante o outro e a natureza, a educação ética e
antirracista, inter e multicultural; serão favorecidos pela organização de
projetos concretos, geradores de contextos que tenham emergência e maior
ascensão e centralização na escola envolvendo os principais destinatários da
Educação, os alunos, tornando-os uma ampla massa crítica de pensadores
reflexivos, o que coloca um abissal desafio para uma mudança de práticas docentes,
tendo como motivação estruturante a pessoa aluno.
A
revolução informática e digital de nada servem na vida quotidiana, se não for
acompanhada por uma revolução da inteligência que consiga articular com o
desenvolvimento tecnológico os princípios da dignidade humana, e da integridade
do indivíduo, bem como a proteção e preservação da natureza, avaliando-se os
riscos de diferentes tipos de manipulações que as tecnologias potenciam
especificamente a manipulação genética, dirigida a fins científica e eticamente
não controlados, os boatos, a manipulação da informação.
1. MARTINS, Paulo Emílio Matos. O trabalho e as
Organizações Pós-Industriais: Maldição de Sisifo ou Divertimento dos Jocis? In:
Administração de Negócios. Rio de Janeiro, 1994
2. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1987.
BIBLIOGRAFIA
FREIRE,
Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MARTINS,
Paulo Emílio Matos. O trabalho e as Organizações Pós-Industriais: Maldição de
Sisifo ou Divertimento dos Jocis? In: Administração de Negócios. Rio de
Janeiro, 1994.
RESENDE,
Adalgisa Bougleux de; BALFINI, Maria do Socorro A. Versiani. Mudanças na
natureza do trabalho. P. 34 – 36, Material Apostilado, fornecido pelo Prof.
Jorge Maurício de Castro, em 22/07/2005.
Fonte das imagens:
Imagens Google
Um comentário:
Olá Rosley,
Sou Adriana Venturim, autora do artigo Gestão Feminina - Um diferencial de liderança - Mito ou nova realidade, publicado em seu blog em setembro de 2012. Fiquei muito feliz de ver que ela foi apreciado e motivo de publicação. Espero que de alguma forma ela tenha contribuído para este fantástico universo da liderança, e mais especificamente a participação da mulher neste universo.
Grande abraço
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