Segundo Chiavenato (2004) liderança “é
o processo de dirigir o comportamento das pessoas rumo ao alcance de alguns
objetivos”. Na mesma obra, encontramos a descrição de algumas competências
relacionadas a exercício da liderança, e são elas:
“Impulso ou motivação para perseguir objetivos; motivação para liderar;
integridade, que também inclui confiança e vontade de transformar palavras em
ações; autoconfiança para fazer os liderados se sentirem confiantes;
inteligência, geralmente focada na habilidade de processar informação, analisar
alternativas e descobrir oportunidades; conhecimento do negócio, para que as ideias
geradas ajudem a organização a sobreviver e ser bem-sucedida; inteligência
emocional, com forte qualidade na sensibilidade às situações e na habilidade de
adaptar-se às circunstâncias quando necessário.”
A busca por profissionais dinâmicos,
proativos, com grande capacidade de adaptação, versatilidade, empatia, dentre
outras características, tem sido o imenso desafio das organizações.
No início dos séculos XVI e XVII nas
uniões legítimas, o papel dos sexos estava bem definido, por costumes e
tradições apoiados nas leis. O poder de decisão formal pertencia ao marido,
como protetor e provedor da mulher e dos filhos, cabendo à esposa o governo da
casa e a assistência moral à família. As mulheres eram assinaladas como “as
rainhas do lar”. As organizações sociais eram compostas por famílias onde o
homem era o provedor e à mulher cabia o papel de cuidar da casa, do marido e
dos filhos. Segundo Samara (2002). Uma mulher no mercado de trabalho era uma
exceção e em se tratando do preenchimento de qualquer ficha cadastral feminina
encontrava-se no campo profissão a descrição “do lar”.
Segundo
Tonani (2012), o grande início
da inserção da mulher no mercado de trabalho aconteceu de fato com as I e II
Guerras Mundiais. Com os homens nas frentes de batalha, as indústrias se
utilizaram da mão de obra disponível – mulheres e crianças. Com o fim das
guerras, muitos homens não voltaram, ou mesmo os que voltaram estavam
incapacitados para assumir suas antigas funções no mercado. E coube então à
mulher assumir o papel antes ocupado por eles. E esta participação da mulher no
mercado trabalho não parou mais de crescer e se solidificar.
Segundo
Frankel (2007) “todas as mulheres são
naturalmente líderes, e que certas características exclusivas da mulher são o
que faz a grande diferença no novo conceito de liderança que as empresas buscam
atualmente”.
De
acordo com citação de Frankel (2007) “liderança
é a capacidade de influenciar pessoas para segui-las”. Se observa que
algumas empresas identificam que as mulheres possuem características peculiares
que as tornam alinhadas com as habilidades de liderança desejadas.
“Os talentos
femininos estão tão perceptíveis, que na grande maioria das organizações que
surgem no momento, parece que as empresas estão fazendo sob medida para as
habilidades das mulheres. E com isso entram em desafio com sua própria personalidade
de mostrar e encontrar seu ponto de equilibro entre a firmeza e feminilidade,
competitividade e solicitude, fatos e sentimentos.”
Segundo
Fisher (2001):
“Os talentos
naturais das mulheres, entre os quais inclui a apetência pelo trabalho em rede
e pela negociação, a sensibilidade emocional e a empatia, a capacidade de
conciliar diversas tarefas ou a facilidade de comunicação verbal, estão
particularmente adequados à sociedade global do século XXI. O próprio
crescimento e mudanças na sociedade atual - o aumento de serviços globais e de
uma política comunicacional mais forte - conferem mais uma vantagem à mulher de
hoje - os seus talentos naturais e capacidades são especialmente requisitados
na era em que vivemos.”
Fisher
também se dedica ao estudo da evolução sexual, afetiva e familiar da mulher,
explorando, desde os antecedentes pré-históricos, as diferentes formas do homem
e da mulher abordarem questões como o amor e o compromisso. Castells
(1999) também afirma:
“As mulheres estão
sendo cada vez mais promovidas a cargos multifuncionais que requerem iniciativa
e bom nível de instrução, uma vez que as novas tecnologias exigem uma força de
trabalho dotada de autonomia, capaz de adaptar-se e reprogramar suas próprias
tarefas.”
Outro
aspecto que Castells (1999) afirma ser muito importante para estimular a
contratação feminina seria a “sua flexibilidade como força de trabalho”.
Renesch
(2003) deu ênfase a certas características que seriam a composição do
estereótipo de liderança feminina:
“Harmonia – se os homens são donos do “hemisfério esquerdo”, às mulheres cabe o
“hemisfério direito”. Isso implica uma capacidade de ver o todo, aplicar a
criatividade, raciocinar pela intuição, etc.
Delicadeza – mulheres foram
educadas para serem gentis e delicadas.
Cooperação – as mulheres foram
criadas para “ajudar” na casa. Nas brincadeiras de infância (pular corda,
brincar de casinha ou de boneca), cada uma tinha a sua vez. A menina boazinha
era a que “ajudava a mamãe”.
Pôr
o grupo em primeiro lugar – as meninas sempre eram encorajadas a fazer-se
queridas, por tantos quanto possível. O objetivo era ser a mais popular... se
pensava em si mesmo era tida como “egoísta”. Se demonstrava prazer em “ganhar”
recebia o rótulo de “exibida”.
Maternalismo – fazer o papel de
mamãe para as bonecas dizia o quanto era importante ser maternal. Tomar conta
de crianças pequenas era, com frequência, a primeira experiência profissional.
Renesch
(2003) cita: “os homens são mais
autoritários e transacionais e as mulheres são mais transformacionais. Os
homens [...] usam mais o poder da posição; as mulheres apoiam-se em suas
habilidades interpessoais”.
Atualmente
percebe-se uma quebra de paradigma ao se contatar que as empresas estão em
buscas de estratégias que deem respostas aos anseios de um mercado cada vez
mais competitivo ao buscar nas mulheres seu novo perfil de liderança. É óbvio
que não se deve imputar total responsabilidade sobre o sucesso ou insucesso das
ações adotadas pelas empresas, exclusivamente, ao parâmetro de comparação de
gênero. Homens e mulheres possuem suas características peculiares e diretamente
relacionadas ao seu gênero.
Para Tonani (2012)
não se pode esquecer a necessidade de buscar-se um
equilíbrio. Se por um lado as mulheres apresentam certas habilidades habitualmente
não relacionadas aos homens, não há o que impeça que estas sejam desenvolvidas
neles, já que é possível perceber, ao longo dos anos, que a mulher, para tentar
provar sua competência, opta por incorporar características particularmente
relacionadas ao estilo de liderança masculina.
O
mercado e o mundo dos negócios na atualidade estão em busca de soluções
alternativas para se tornarem diferenciais e competitivas. E esta busca vem ao
encontro de um ambiente organizacional muito mais receptivo ao exercício da liderança
por parte das mulheres. As empresas almejam por uma gestão mais humana, mais
agregadora e que busca incentivar a cooperação, a integração e o engajamento
das equipes. A princípio, as mulheres apresentariam as competências necessárias
para atingir estes objetivos, devido a isso, as empresas estão oferecendo melhores
condições para ter e mantê-las em seu quadro de funcionários. O resultado disso
se reflete no crescimento acentuado das mulheres no mundo dos negócios e em
cargos de liderança.
Para LIMA (2012), percebe-se um diferencial na atuação da
mulher, no que se refere ao meio corporativo, em relação aos homens, que está
fazendo toda a diferença. Na sua carreira de consultor de marketing pessoal e
gestão de carreiras, percebe claramente o porquê deste movimento de ascensão
das mulheres no mundo corporativo: preparação e oportunidade são os dois
ingredientes básicos. Segue:
“Preparação significa o desenvolvimento das competências essenciais que diferenciam
um profissional de sucesso daqueles medianos ou medíocres. Competências como:
capacidade de auto motivação, bom humor, criatividade, capacidade de produzir
conhecimento e liderança são algumas delas. E sem dúvida percebemos um maior
nível de comprometimento das mulheres em desenvolver estas habilidades. Para
constatar isto é preciso apenas observar o número de mulheres frequentando
cursos de treinamentos em relação aos homens.
Oportunidade é a outra metade da fórmula para o sucesso, e certamente, esta outra
metade está sendo melhor aproveitada pelas mulheres, pois elas têm demonstrado
maior "pro atividade" em relação à busca por uma ascensão
profissional. As oportunidades não batem à nossa porta todos os dias, pelo
contrário, temos que buscá-la, persegui-la de maneira persistente e disciplinada.
E percebemos que persistência e disciplina são qualidades muito mais acentuadas
no comportamento atual das mulheres do que nos homens.”
O autor ainda ressalta que:
“Um exemplo
simbólico é o da atual Senadora norte americana, a ex-primeira dama Hillary
Clinton, uma das favoritas a assumir pela primeira vez a Presidência do país
mais poderoso do mundo, os EUA. E também de tantas mulheres que estão assumindo
a presidência das maiores corporações do planeta como a PepsiCo, que fatura
32,5 bilhões de dólares, dirigida por Indra K. Naooyi, de 50 anos; Brenda
Barnes, 52 anos, Presidente da Sara Lee, que fatura 20 bilhões de dólares
e Patrícia Woertz, 53 anos, Presidente da Archer Daniels Midland com
faturamento anual de 32,6 bilhões de dólares.”
De acordo com Lauer (2012) Os últimos anos as mulheres aumentaram
significantemente a participação em cargos de presidência, diretoria e
gerência. No posto de coordenação, por exemplo, já ocupam mais da metade das
vagas, com 64% de profissionais (dados do Cadastro Catho, banco de dados da
Catho Online com mais de 200 mil companhias):
O autor ainda ressalta, fazendo referência a fala
de Fernando Elias José (psicólogo e consultor
comportamental em empresas), que de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), existem em torno de quatro milhões de mulheres
a mais que homens no Brasil. “Elas
estudam mais, se dedicam mais, e normalmente estão melhor preparadas em
processos de seleção. Buscam ser mais transparentes nas dinâmicas e
entrevistas. Acredito que estes sejam alguns dos fatores que fazem com que elas
estejam ocupando cada vez mais cargos de gestão”.
Fonte do Vídeo: Mulheres em cargos de liderança, http://www.youtube.com/watch?v=lQQ9pR9okCI acesso em 26/12/2012, às 18h05
Em
um ambiente onde a concorrência torna-se cada vez mais acirrada, as empresas se
viram impelidas a buscar estratégias que as tornem mais ágeis em suas tomadas
de decisões, mais adaptáveis as constantes mudanças que com frequência são
obrigadas a administrar e um ambiente mais flexível nas negociações com seus
clientes internos. E elas têm encontrado nas lideranças femininas as
características ideais que vão ao encontro destas necessidades.
Morais (2012) cita que quanto:
“A inserção da mulher no mercado de trabalho
Existe uma dimensão muito importante, não só
para as organizações, mas também para a sociedade como um todo, que é a
participação da mulher no contexto do trabalho e os reflexos da sua maneira de
pensar, agir e sentir sobre os fenômenos evidenciados na complexidade
organizacional (MADRUGA et. al., 2001).
A evolução da mulher no mercado de trabalho
Ao longo do tempo ocorreram algumas mudanças
que acabaram por influenciar o ambiente organizacional, dentre elas, a
globalização, inovações tecnológicas, mudanças nas exigências dos clientes e os
novos e sofisticados modelos de gestão. Sobre esse assunto Madruga et. al (2001) apontam que essas
profundas mudanças fizeram com que as organizações revisassem sua postura
quanto à visão e ação estratégica. Pode-se dizer que atualmente as organizações
já abrem espaço para a presença feminina em postos de liderança.
As habilidades da liderança feminina
Segundo Kets de Vries (1997), as habilidades
das mulheres começam muito cedo. A mulher vai analisando o comportamento de sua
mãe, e começa a adquirir conceitos sobre a vida, modo de agir, pensar, e consequentemente
desenvolve muito mais cedo um talento maior de relacionamento. Com o
desenvolvimento interpessoal na infância, a sensibilidade, a empatia, o
compartilhamento e a vontade de ajudar fazem com que a mulher assuma um papel
central no mundo interior.
Aos aspectos e competências da mulher na
organização
Pode-se observar que as mudanças causadas
pela maior participação feminina vão além das questões relacionadas à liderança.
As empresas investem em benefícios favoráveis á família, como horário flexível,
assistência pediátrica, creche no local de trabalho, etc.
Acredita-se que as novas regras do mundo
nos negócios buscam as habilidades mais competitivas do mercado de trabalho e
com isso faz que as mulheres estejam à frente para melhor representar essas
organizações.
O mundo do trabalho e a mulher
Segundo Cappelle apud Menda (2004, p.56), no momento em que as mulheres começaram
a inserirem-se no mercado de trabalho, as questões que envolvem as relações de
trabalho entre a mão de obra masculina e feminina começaram a emergir. A
maioria dos discursos nas organizações sempre pregou igualdade de condições e
oportunidades para o sexo feminino e masculino no ambiente organizacional.
Entretanto, ainda existe uma clara evidência com relação à desigualdade da
participação da mulher no mercado de trabalho, seja quanto aos níveis
salariais, possibilidade de crescimento na carreira ou oportunidades de exercer
determinadas funções.
A mulher do futuro nas organizações
A mulher do futuro será aquela que
assumir a humanidade inteira, todos os seres humanos como seus filhos, conforme
Muraro (1969). Quer seja ela mãe fisicamente ou não, a maternidade é que lhe
dará o substrato de sua condição feminina. Abdicar desse traço é abdicar de si
mesma. Querer fazer as mesmas coisas que faz o homem e do mesmo modo é
substituir uma dominação por outra. A mulher tem que viver primeiro,
profundamente, as características que lhe são próprias, e isso de modo maior,
maduro, consequente e em todos os planos: nas ciências, nas técnicas, no
trabalho manual, no campo, em casa.”
É
fato que, a liderança feminina no mercado de trabalho cresceu, pois a mulher
enfrenta os desafios cotidianos que o mundo coorporativo lhe impõe, atua com
coragem ao assumir riscos, exerce a criatividade, lidera suas equipes de
trabalho e valoriza o elemento humano, de forma a cultivar e estabelecer
inter-relações pessoais diferenciadas.
Bibliografia
CASTELLS,
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